Redes sociais como novas fontes de informação
MARIANA HALMEL*
Por si só, diploma e alvará não garantem a credibilidade de um profissional nem de uma empresa de comunicação. De qualquer forma, como jornalista formada e ex-repórter de redação, sempre defendi a busca de informações validadas por fontes confiáveis. Diante disso, muitas vezes me orgulhei em servir como uma referência para a família e alguns amigos. Aliás, naquele período ainda nem imaginávamos o quanto as notícias falsas poderiam afetar o nosso cotidiano, principalmente nas redes sociais. Inclusive, para mim, jornalismo era algo totalmente inerente a jornais impressos, revistas, emissoras de rádio e de TV.
Convergência de meios
No entanto, antes mesmo do WhatsApp se tornar tão popular, minha mãe já desafiava esse meu posicionamento mais conservador. Afinal, ela queria saber se algo que tinha visto no Facebook era mesmo verdade. Numa dessas ocasiões, eu sugeri que ela pesquisasse a informação nos sites dos jornais da nossa região. Afinal, justifiquei, “redes sociais são uma coisa, veículos de imprensa são outra”, e ambos teriam propósitos bem diferentes. Outro dia, ela me chamou novamente para o embate, dizendo: “Sabe que era verdade? Eu vi no Facebook do jornal!”. Ou seja, ainda antes de popularizarmos a expressão quebrar a internet, minha própria mãe me quebrou.
Então, eu, tão saudosa ao jornalismo impresso e “raiz”, escrevo agora sobre redes sociais como as novas fontes de informação. Afinal, até mesmo as empresas de comunicação aderiram a esses canais, dada a importância de estar onde seu público está. Inclusive, conforme levantamento feito pela Socialbakers, o engajamento de publicações em perfis de imprensa no Instagram está crescendo bastante. Ou seja: já não se trata apenas de selfies, filtros, vídeos engraçados e #tbt. Com a audiência progressiva de notícias factuais publicadas no feed, o Instagram torna-se uma plataforma de busca de informações reais. Antes disso, o próprio Twitter já era largamente utilizado pelos usuários como forma de atualização sobre acontecimentos diários. Mas, mesmo sendo mais dinâmico em relação à leitura, até ele tem perdido espaço para a rede queridinha do momento.
Cuidados com a desinformação nas redes sociais
Assim como a Socialbakers, a Reuters também realizou uma pesquisa – intitulada Reuters Institute Digital News Report 2020. Dessa forma, buscou avaliar a confiança dos usuários no consumo de notícia em diversos meios, sobretudo no digital.
Segundo o estudo, as redes sociais já ultrapassaram a TV como meio de acesso à informação. Diante de tudo isso, entendo que este seja um caminho sem volta. Contudo, me parece essencial aproveitar alguns pontos da discussão sobre a obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista. Afinal, qualquer pessoa, mesmo um influenciador digital, pode atuar como repórter e publicar notícias sem nenhum critério ou verificação. Consequentemente, abre-se uma enorme brecha para o compartilhamento indiscriminado de informações falsas e enganosas. Como garantir conteúdo de melhor qualidade nesta “sociedade do espetáculo”, em que os cliques convergem inocentemente para o que choca?
Outro detalhe levantado pelo diretor de Gestão de Clientes e Crescimento da Socialbakers, Ivan Ferri, está nos algoritmos das redes sociais. Isso porque acabamos submetidos principalmente a informações relacionadas às nossas próprias visões e opiniões em nosso feed. Ou seja: corremos o risco de criar nossa própria “bolha” e viver confinados com pessoas que só têm ideias semelhantes. Certamente precisamos de uma identidade, mas, ao deixar de considerar outras opiniões, passamos a fomentar uma visão de mundo extremada. Assim, talvez a melhor saída seja “confundir” os algoritmos, investindo em canais que sigam linhas editoriais opostas. Dessa forma, você poderá comparar como cada perfil apresenta uma mesma notícia e, assim, tirar suas próprias conclusões. Afinal, ainda que a imparcialidade pareça uma busca inatingível, a desinformação pode (e deve) ser combatida e evitada.
Mas como identificar o que é notícia?
Em resumo, Jornalismo é uma atividade social que atua na coleta de dados, edição e circulação de notícias. Logo, o trabalho jornalístico envolve reconhecer uma informação relevante; identificar “o que” e “a quem” perguntar; e narrar os fatos. Como resultado, temos um conteúdo que pode ser tanto dedicado a comunicar quanto a persuadir, entreter e educar. Independentemente de onde ele estiver publicado. Inclusive, atualmente muitos profissionais e empresas mantêm seus próprios canais de comunicação a partir dos chamados blogs corporativos. Desse modo, servem como ferramentas sociais dedicadas a estabelecer e expandir o diálogo direto com seus clientes. Seja a partir de informações institucionais ou de conteúdos especializados que podem ser úteis ao dia a dia do consumidor. Nesse aspecto, o jornalista se transforma em assessor de imprensa. Assim, passa a intermediar a relação entre as organizações, seus públicos e até mesmo com outros profissionais de comunicação.
Em outras palavras, o assessor de imprensa ajuda a desvendar o valor-notícia de cada fato para torná-lo interessante a todos os públicos. Por exemplo: atualidade e veracidade são critérios de noticiabilidade cruciais – seja para atrair os consumidores ou conquistar espaço na mídia. Além disso, enriquecem essa lista aspectos como raridade, exclusividade ou originalidade. Também importam o interesse humano e social, descobertas e inovações, ideologia, territorialidade e status do personagem, entre outros.
Depois de identificar como determinado assunto pode conquistar importância, basta traçar um plano de divulgação. Afinal, é possível trabalhar diferentes abordagens da narrativa para atrair a atenção de diferentes públicos e canais de informação. Então, a partir das melhores estratégias, conseguimos estabelecer uma comunicação mais eficiente em qualquer meio, seja ele físico ou digital.